O ENCANTO DE AÇUCENA
Foi na poeira da estrada de piçarra
Que uma vez avistei o rosto dela!
Era um dia de sol, bem no verão,
Na mistura vermelho-amarelada
Da poeira cobrindo aquela estrada
Que primeiro assustei meu coração...
Vislumbrei a açucena do sertão
Debruçada, sozinha na janela!
Era a coisa mais linda... Era tão bela!
Mais suave que a flor de uma alcaparra...
Foi na poeira da estrada de piçarra
Que uma vez avistei o rosto dela!
Num sorriso velado ela mostrava
Todo o encanto que havia ali guardado...
Seus cabelos dançavam num bailado,
Quando o vento de leve ali soprava...
Parecia visagem – eu pensava.
Abaixei-me e colhi pra dar a ela
Uma flor perfumada e amarela
... Encantou-se – a açucena – em linda jarra!
Foi na poeira da estrada de piçarra
Que uma vez avistei o rosto dela!
Nessa jarra encantada ela ficou
E eu não mais pude ver flor de açucena,
Muito embora, ao soprar, a brisa amena
Espalhasse o perfume que ela usou,
Pouco antes de quando se encantou!...
Eu faria de tudo por aquela
Que a lembrança arde em mim qual fosse vela
E num laço de amor ainda me amarra...
Foi na poeira da estrada de piçarra
Que uma vez avistei o rosto dela!
Ineifran Varão